De certa maneira, a nimesulida é vítima de seu próprio sucesso: a capacidade que ela tem de aliviar dor, febre e inflamação faz com que muita gente exagere na dose, na frequência ou no tempo de uso. E isso pode trazer sérias consequências para o fígado, os rins e até o coração. O hepatologista Raymundo Paraná entende que há um exagero no uso de anti-inflamatórios no Brasil. “Eles são vendidos livremente, sem muito controle, e muitas vezes usados para situações em que outros analgésicos mais simples e seguros seriam suficientes”, observa o médico, que é professor titular da Universidade Federal da Bahia. Segundo o especialista, essa classe de moléculas pode ter uma série de eventos indesejados no organismo. “A prostaglandina, bloqueada pelos anti-inflamatórios, é importante para manter as células do estômago coesas. Sem ela, há um maior probabilidade de desenvolver gastrite, hemorragia e úlceras”, exemplifica Paraná. A nimesulida nunca foi aprovada para venda em locais como o Reino Unido e a Alemanha. Além disso, ela foi retirada de circulação em diversos países, como Estados Unidos, Canadá, Japão, Suécia, Holanda, Dinamarca, Bélgica, Irlanda, Espanha e Finlândia. Desses, o caso da Irlanda foi talvez o que ganhou mais notoriedade. O Conselho Irlandês de Medicamentos anunciou a suspensão imediata da venda de nimesulida após ter acesso a informações sobre casos de falência hepática fulminante, com necessidade de transplante.
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