O imponente conjunto ferroviário que abrigou as oficinas da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), em Além Paraíba (MG), se desfaz em ruínas diante dos olhos da população. O espaço, onde outrora a efervescência da ferrovia pulsava com vigor, tornou-se um símbolo do descaso com o patrimônio histórico nacional.
No mais recente episódio de deterioração, um novo trecho da estrutura da rotunda desabou, lançando escombros e medo sobre a vizinhança. O incidente comprometeu seriamente a integridade de paredes e estruturas de estabelecimentos comerciais que funcionam nos imóveis vizinhos — estes, embora ainda preservados graças à ocupação por empreendimentos privados, agora exibem rachaduras preocupantes.
Especialistas alertam: todo o conjunto arquitetônico encontra-se em risco de desabamento. A cada chuva, a cada ventania, cresce o temor de um colapso total. Em caso de desabamento ou, pior, um incêndio — risco constante em estruturas abandonadas — não se pode descartar a possibilidade de vítimas fatais.
As oficinas ferroviárias da Leopoldina fizeram parte de um dos períodos mais importantes da história de Além Paraíba. Com suas amplas instalações, foram motor da economia e símbolo de progresso para toda a região. Hoje, no entanto, restam apenas a sombra do que foram — paredes carcomidas, telhados colapsados, ferragens expostas e mato crescendo entre os trilhos.
O mais alarmante é que o perigo não se limita à perda de um bem histórico. A proximidade com imóveis comerciais e residenciais torna a situação ainda mais grave. Proprietários de lojas e moradores locais convivem com o medo diário de que o próximo desmoronamento não seja apenas de concreto, mas de vidas.
O terreno e os galpões pertencem hoje à Igreja Católica, herdeira da propriedade após o fim da RFFSA. Consciente da impossibilidade de arcar com os milhões necessários para a restauração, a instituição já manifestou o desejo de doar ou repassar o espaço por valores simbólicos à Prefeitura, que, por sua vez, ainda não se mobilizou efetivamente para assumir o espaço.
A burocracia, a omissão e a lentidão do poder público podem custar caro. A comunidade exige respostas e providências urgentes. É preciso ação antes que a história vire pó — ou tragédia.
A ruína da antiga oficina e rotunda da Leopoldina não é apenas um lamento nostálgico dos tempos áureos da ferrovia. É um alerta claro, visível, concreto e perigoso.
Se medidas não forem tomadas agora, Além Paraíba pode estampar as manchetes futuras não por sua herança ferroviária, mas por um desastre evitável.
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