A Pneumologista Dra. Margareth Dalcolmo, uma das mais importantes especialistas do Brasil e da América Latina, concedeu entrevista ao Jornalista Dauro Machado sobre o novo Corona Vírus. Dra. Margareth que é sempre consultada pela grande imprensa com constantes participações em programas da Globo News e outras emissoras, respondeu as seguintes perguntas sobre o novo vírus causador da doença COVID-19 que colocou o mundo em alerta:
Dauro Machado: Dra. Margareth, de fato a situação é tão “feia” como parece ser?
Margareth Dalcolmo: Sim. Nós estamos diante de uma situação epidêmica nova, portanto, todo problema de saúde que é novo, é novo pra todo mundo, tanto para sociedade quanto pra nós médicos. Nós já enfrentamos muitas epidemias de doenças de transmissão pessoa a pessoa mais essa é uma situação nova, muito preocupante, no mundo todo. Nós estamos diante de um vírus de uma capacidade de transmissão muito fácil de uma pessoa para outra, de uma transmissão muito rápida e muito numerosa. Uma pessoa transmite a doença para 3 ou 4 outras numa rapidez muito grande, de modo que a doença não se transmite aritmeticamente, ela se transmite geometricamente. Dois viram quatro, quatro viram dezesseis e assim vai. Essa é a razão pela qual a propagação tão fácil da doença preocupa. A segunda questão que preocupa é o número de pacientes que podem ficar graves. Em 100 pacientes, nós já sabemos pelas experiências dos países que nos antecederam na disseminação da epidemia, que 80 por cento dos casos serão casos leves; Será uma gripe como outra qualquer que vai levar 5, 6, 7 dias para passar. Vinte por cento dos casos serão casos graves que precisarão ser hospitalizados e desses casos, 5 a 10 por cento serão casos muito graves, que precisarão de CTI, de terapia intensiva. Se nós somarmos 5 por cento de 100 é muito pouco mais se nós pensarmos em 5 por cento de 40 mil casos, é muita gente. Nós não estamos preparados, o SUS nem rede privada está preparada para receber em terapia intensiva esse número enorme de pacientes. Essa é a grande preocupação.
Dauro Machado: Quanto a vacina, qual a opinião da Senhora, teremos uma vacina ou retro viral?
Margareth Dalcolmo: Haverá um dia uma vacina pra Corona Vírus. Essa é uma perspectiva para nós pensarmos pra no mínimo daqui a 18 ou 24 meses. Vacina é uma coisa muito demorada. A última epidemia que tivemos, do Sars H1N1 a vacina levou 4 anos. Não existe vacina rápida. Vacina é um processo muito lento. Vacina para se utilizar nos seres humanos, tem que se provar em primeiro lugar, que ela seja eficaz e em segundo lugar que ela não tenha efeitos colaterais; De modo que toda a metodologia que é necessária para ela ser fabricada, testada, testada em humanos, leva um tempo que realisticamente não pode ser uma perspectiva a curto prazo.
Dauro Machado: A senhora acredita primeiramente na descoberta de um anti vírus ou de um retro viral?
Margareth Dalcolmo: Talvez nós não precisemos descobrir, talvez. Nós já temos anti virais no mercado. O que nós precisamos é saber se associação deles ou de um deles de nova geração poderá funcionar. Até o momento não há nenhuma evidência científica, de nenhum anti viral, nem nenhuma associação de anti virais, que seja robustamente defensável pra que nós possamos dizer: este é o tratamento a ser utilizado. Até o momento nós não recomendamos nenhuma utilização de medicamento nos casos graves a não ser o suporte de terapia intensiva.
Dauro Machado: A senhora acha que o Brasil vai atingir o pico da epidemia em quanto tempo?
Margareth Dalcolmo: Não sou eu que acho. Os Epidemiologistas experientes já fizeram esse cálculo. Nós esperamos que a Epidemia se disseminando na velocidade rápida com que ela está nas grandes cidades brasileiras, sobretudo Rio de Janeiro e São Paulo, a região sudeste do Brasil, as maiores concentrações de população, nós esperamos que curva epidêmica (pico), se nós conseguirmos suavizá-la no seu aumento exponencial, que consigamos obter a curva epidêmica mais ou menos em um mês e meio.
Dauro Machado: Qual o Conselho que a senhora como Médica dá para as pessoas?
Margareth Dalcolmo: Eu acho em primeiro lugar que as pessoas devem estar informadas que estamos diante de um grande desafio. Em segundo lugar, que quem vai responder a esse desafio não são só os médicos e não é só a ciência. A ciência já mostrou que a única maneira de interromper a progressão da epidemia é o isolamento social. Então, que as pessoas não façam aquilo que nós já repetimos muitas vezes: Não vão a igreja, não vão a cultos, não façam festa, cancelem festas de aniversário, cancelem festas de formatura, cancelem festas de criança, cancelem tudo. E que fiquem protegidas e afastadas do contato social durante as próximas 4 semanas pelo menos.
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